Milei em Miami transformou o American Business Forum em uma sala de aula de MBA sobre capitalismo — e sobre moral, liberdade, justiça e progresso

(Por Marcelo Maurizio, com contribuições de Rovmistrosky e Maqueda) Em 6 de novembro de 2025, no mesmo Kaseya Center onde, um dia antes, Messi recebeu as Chaves da Cidade, Javier Milei proferiu um discurso que historiadores da economia estudarão como documento fundador de uma nova era.

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  • O que é indisputável é que foi mais do que um pronunciamento presidencial: foi catarse — entrelaçada a uma exposição clara e assertiva de um plano nacional projetado para o palco internacional. Foi a Argentina falando consigo mesma — o paradoxo de um país que precisa ultrapassar suas fronteiras para acreditar no próprio futuro — e um alerta sobre o risco que nações e cidades como Nova York enfrentam quando caem em mãos socialistas, algo que, inevitavelmente, termina mal.

  • O presidente da Argentina converteu o American Business Forum em um manifesto de uma nação que tenta, mais uma vez, escapar de seu próprio labirinto histórico.

  • Miami não foi por acaso. E que palco melhor do que uma cidade onde 250 mil argentinos construíram a versão da Argentina que julgavam impossível em sua terra natal?

A TEOLOGIA DO MERCADO: QUANDO A ECONOMIA VIRA RELIGIÃO

 

“O capitalismo não é um mal necessário; é justiça pura”, proclamou Milei, com um fervor mais próximo ao de um pregador evangélico do que ao de um economista formado na Universidade de Belgrano. Não é metáfora casual: Milei articula o que o sociólogo Max Weber chamaria de uma ética protestante do capitalismo — atualizada para o século XXI e para o temperamento argentino.

 

Sua construção argumentativa é sofisticada. Parte de uma premissa correta: o capitalismo de fato retirou bilhões de pessoas da pobreza absoluta. Como documenta o Nobel Angus Deaton em The Great Escape, a redução global da pobreza desde 1820 é sem precedentes históricos e está diretamente correlacionada à expansão do comércio e dos mercados livres.

 

Mas Milei vai além da evidência empírica e adentra a metafísica do mercado. “Não temos muitos direitos naturais nesta vida além do direito de ser dono do suor do nosso rosto”, afirmou, invocando John Locke. Como observa o filósofo político Michael Sandel em Justiça, a teoria dos direitos naturais é bem mais complexa: e aqueles que não podem trabalhar? Pessoas com deficiência, crianças e idosos não possuem direitos naturais?

 

A plateia no Kaseya Center — líderes empresariais bem-sucedidos, empreendedores self-made, argentinos que fugiram do estatismo — aplaudiu entusiasmada.

Milei foi ovacionado tanto quanto Messi — e isso diz muito.

 

Ainda assim, havia uma ironia profunda naquele aplauso: muitos desses empreendedores construíram fortunas alavancando subsídios estatais, proteção comercial ou contratos governamentais na Argentina nos anos 1990 e 2000. E, lamentavelmente, em muitas províncias argentinas ainda existem elites empresariais atreladas a estruturas de poder estatistas e peronistas que se beneficiam da estagnação do país — que preferem que o Estado mastodôntico, empregador de 30% da força de trabalho, não encolha, e que cultivaram uma cultura que defende um Estado onipotente que decide quem é “talentoso” e quem não é — resultando frequentemente em mediocridade, injustiça, um totalitarismo polido e pobreza, mascarados por um “localismo” negacionista.

O “RISCO KUKA” E A VITÓRIA ELEITORAL: UMA NARRATIVA DE RESISTÊNCIA

 

Milei dedicou uma parcela substancial de sua fala a celebrar a vitória legislativa de outubro de 2025, descrevendo-a como um “triunfo histórico” que provaria que “os argentinos responderam” apesar do “golpe econômico que a oposição tentou desferir a partir do Congresso”.

Esse enquadramento heroico de resistência contra forças nebulosas é populismo clássico. Como analisa Ernesto Laclau em A Razão Populista, líderes populistas constroem legitimidade precisamente por meio de narrativas de luta contra um establishment conspirador.

 

O que Milei chama de “risco KUKA” — referência pejorativa ao kirchnerismo — é um enquadramento politicamente brilhante: personaliza o adversário, demoniza-o e, ao mesmo tempo, se coloca como vítima. “Por meses foi o maior obstáculo ao programa econômico”, afirmou, atribuindo dificuldades ao suposto sabotagem da oposição.

 

No entanto, economistas independentes como Martín Guzmán (ex-ministro da Economia) e Ricardo Arriazu apontam que os problemas econômicos da Argentina são estruturais e se acumulam há décadas — não resultam de manobras de uma única facção política. A inflação anual de 211% herdada por Milei em dezembro de 2023 decorreu de cinquenta anos de emissão monetária irresponsável, não de uma conspiração kirchnerista.

 

Mas, para a audiência em Miami — particularmente argentinos vivendo em bolhas de confirmação onde todos pensam igual — a narrativa de Milei é catártica. “Finalmente temos um presidente que fala as coisas como são”, diz Mónica Fernández, contadora radicada em Aventura. “O kirchnerismo destruiu a Argentina e agora tenta destruir quem quer consertá-la.”

O COMEBACK EM BUENOS AIRES: SIMBOLISMO E REALIDADE

 

Milei deu ênfase especial à vitória na Província de Buenos Aires, onde “recuperamos uma diferença de mais de 14 pontos”. É simbolicamente crucial: Buenos Aires concentra 37% do eleitorado nacional e, historicamente, é um reduto peronista/kirchnerista.

 

Como observa o cientista político Sergio Berensztein, essa vitória reflete o esgotamento da classe média após décadas de declínio. A província que prosperou nas décadas de 1950 e 60 hoje é marcada por pobreza crescente, insegurança endêmica e infraestrutura em colapso. O voto em Milei foi menos uma adesão ideológica do que um grito desesperado de “fora todos”.

 

Para os argentinos em Miami, a vitória tem significado especial: valida a decisão de partir. “Se até Buenos Aires votou por mudança, significa que não estávamos loucos em ir embora”, reflete Eduardo Constantini (não confundir com o magnata das artes), engenheiro que emigrou em 2018. “O país inteiro percebeu que o modelo anterior era insustentável.”

 

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