Deconstrução geopolítica em tempo real
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Trump apostou em Milei. Milei sempre apostou em Trump. Em Miami, ocorreram reuniões-chave e estratégicas, e inteligência foi compartilhada com um ano de antecedência sobre atores, alianças e traições ao redor do presidente Milei. Mesmo antes de sua eleição, houve apoio crucial da comunidade latina, de líderes empresariais globais, de Trump, do governo e da comunidade judaica, além de figuras internacionais como Meloni.
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A Flórida — Miami — é a capital “simbólica”, cultural e agora geopolítica da Anglolatina. Trump passa mais tempo em Miami do que na Casa Branca. E nunca a América Latina foi tão importante — e tão central — para um presidente e uma administração dos EUA.
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Miami está no pulso — não apenas os argentinos, mas também venezuelanos, colombianos, brasileiros e a grande comunidade judaica acompanham, minuto a minuto, a reversão de 80 a 100 anos de estagnação econômica, internacional, cultural e democrática de um país que sempre foi líder e peça estratégica no continente.
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Hoje, em Miami, grupos de WhatsApp e feeds sociais estão no centro da cena. A transformação cultural, econômica e social de um país tão admirado pelos americanos — e especialmente pelos miamenses — também surfa o “efeito Messi”, um cartão de visita poderoso.
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É por isso que empreendedores de tecnologia dos EUA, produtores do agro, players de energia, turismo, mídia, real estate e o setor agro-metal apoiaram — e continuam monitorando em tempo real — a virada argentina.
E, naturalmente, esse impulso alimenta mudanças positivas adicionais na região — na Venezuela, na Colômbia e, sim, também no Brasil.
Análise estratégica exclusiva do Infonegocios Miami
Os números não mentem: 40,72% contra 31,67%. Quase 2 milhões de votos de diferença. Não é uma vitória eleitoral qualquer; é um realinhamento tectônico das preferências políticas argentinas.
Incluindo os quatro distritos que, juntos, concentram 60% do eleitorado (Buenos Aires, CABA, Córdoba e Santa Fe).
O novo tabuleiro geopolítico
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A Argentina concluiu sua transição para um novo paradigma político. Para Miami — e especialmente para a comunidade empresarial argentina na Flórida — isso representa oportunidades e desafios existenciais.
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Os próximos 90 dias serão críticos. Empresas que compreenderem a profundidade dessa virada e agirem com rapidez capturarão valor relevante. Quem subestimar a velocidade do que vem pela frente ficará à margem do novo ecossistema econômico.
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A hora de agir é agora. A janela se mede em semanas, não em meses.
Neuroanálise do eleitorado: a migração em massa de votos
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A Província de Buenos Aires — termômetro político nacional — registrou uma migração eleitoral sem precedentes. A Fuerza Patria perdeu 261.592 votos em apenas seis semanas, enquanto a LLA ganhou 881.417. Esse deslocamento massivo reflete mais do que uma mudança de preferência: é uma reprogramação cognitiva coletiva.
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A neurociência política ensina que eleitores não votam apenas por ideologia — votam por identidade emocional. O violeta deixou de ser apenas uma cor partidária; tornou-se um marcador identitário.
Miami e a diáspora argentina: impactos econômicos diretos
Para a comunidade argentina na Flórida — em especial em Miami —, os resultados têm consequências imediatas e tangíveis:
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Fluxos de investimento: a consolidação de Milei acelerará a repatriação de capital argentino a partir de Miami, abrindo oportunidades em real estate e serviços financeiros.
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Reposicionamento corporativo: empresas argentinas em Miami precisarão recalibrar suas estratégias para a Argentina, antecipando políticas mais agressivas de liberalização de mercado.
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Diplomacia econômica: o Consulado da Argentina em Miami tende a se tornar polo de acordos bilaterais, com ênfase em tecnologia, energia e serviços profissionais.
Os argentinos na Flórida — estimados em mais de 125 mil — estão entre as diásporas de maior atividade econômica. Sua influência no comércio entre a Argentina e o Sudeste dos EUA é desproporcionalmente significativa.
Dados-chave VITÓRIAS DE LA LIBERTAD AVANZA (15)
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Buenos Aires – 41,45% (3.605.127 votos)
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CABA – 47,35% (770.804 votos, deputados); 50,32% (840.747 votos, senadores)
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Córdoba – 42,35% (822.240 votos)
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Santa Fe – 40,67% (681.504 votos)
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Mendoza – 53,64% (531.734 votos, em aliança com a UCR)
O paradoxo cordobês: Schiaretti vs. a onda violeta
Em Córdoba, onde o partido provincial sob Martín Llaryora e o ex-governador Juan Schiaretti apostou no centro com Provincias Unidas, o desfecho foi contundente: 42,35% para a LLA contra 28,32% para a aliança governista.
O resultado desmonta a tese do “centro como alternativa” e confirma que a polarização segue como motor principal da política argentina. A terceira via não ganhou tração porque o eleitorado atual opera em espectro binário: establishment versus anti‑establishment.
PROVÍNCIAS VENCIDAS POR FUERZA PATRIA/PERONISMO (7)
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Formosa – Frente de la Victoria
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Catamarca – Fuerza Patria
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Tucumán – Tucumán Primero (47,28% em setembro)
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San Juan – Fuerza San Juan
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La Pampa – Defendemos La Pampa
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Santa Cruz – Fuerza Santacruceña
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La Rioja – Federales Defendamos La Rioja (margem: 0,30%)
OUTRAS FORÇAS REGIONAIS
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Santiago del Estero – Frente Cívico por Santiago (Gerardo Zamora)
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Corrientes – Vamos Corrientes (Gustavo Valdés, Radical)
NÚMEROS CRÍTICOS
TOTAIS NACIONAIS
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La Libertad Avanza: 40,72% (9.314.147 votos)
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Fuerza Patria e aliados: 31,67% (7.245.834 votos)
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Diferença absoluta: 2.068.313 votos
EVOLUÇÃO NA PROVÍNCIA DE BUENOS AIRES (37% do eleitorado)
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Setembro de 2025: FP 47,28% (3.820.119 votos)
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Outubro de 2025: FP 40,91% (3.558.527 votos) — queda de 261.592 votos
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LLA: 41,45% (3.605.127 votos) — alta de 881.417 votos desde setembro
COMPARATIVO 2023 VERSUS 2025
2023 — LLA venceu em 7 províncias:
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Chubut, Córdoba, Jujuy, Mendoza, Salta, San Luis, Santa Fe
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2025 — LLA repete nessas 7 e adiciona outras 8
MIGRAÇÃO ELEITORAL ESTRATÉGICA
PERDAS DA FUERZA PATRIA
Buenos Aires: −261.592 votos vs. setembro
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Representa: queda de 3,7 pontos
GANHOS DE LA LIBERTAD AVANZA
Buenos Aires: +881.417 votos vs. setembro
Córdoba: +70.812 votos vs. 2023
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Santa Fe: +31.695 votos vs. 2023 (de 32,34% para 40,67%)
CONTEXTO ESSENCIAL: DISTRIBUIÇÃO DO ELEITORADO
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Buenos Aires: 37%
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Córdoba: 9%
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Santa Fe: 8%
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CABA: 7%
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Top 4 distritos somados: 61%
COMPARAÇÃO HISTÓRICA, 2023
Unión por la Patria (2023): 14 províncias
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Buenos Aires, Catamarca, Chaco, Corrientes, Entre Ríos, Formosa, La Pampa, La Rioja, Misiones, Río Negro, San Juan, Tierra del Fuego, Tucumán, Santiago del Estero
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Voto nacional em 2023: 37,4% (9.176.543 votos)
VELOCIDADE DA MUDANÇA
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Buenos Aires: swing de 14 pontos em 49 dias
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Córdoba: +9,35 pontos vs. 2023
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Santa Fe: +8,33 pontos vs. 2023
TENDÊNCIA NACIONAL
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Gap nacional: 9,05 pontos a favor da LLA
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Consolidação: 15 de 24 distritos (62,5% do território)
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Dominância: 60% do eleitorado concentrado em províncias lideradas pela LLA
Perspectiva histórica: lições de realinhamentos políticos
Este realinhamento ecoa:
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Peronismo em 1945: a criação de uma nova identidade política
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Alfonsinismo em 1983: restauração democrática impulsionada por carisma pessoal
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Menemismo em 1989: transformação econômica radical
Como documenta Steven Levitsky em “How Democracies Die”, realinhamentos eleitorais de grande escala frequentemente precedem transformações institucionais profundas.
Leituras essenciais para entender o fenômeno
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The People vs. Democracy, de Yascha Mounk (análise dos populismos contemporâneos)
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Why Nations Fail, de Daron Acemoglu (instituições políticas e desenvolvimento econômico)
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Neuropolitics, de William Connolly (onde a neurociência encontra o comportamento político)
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The Age of Revolution, de Hobsbawm (contexto histórico para transformações radicais)
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