Projetando o futuro do trabalho — com a inteligência humana.
(Co-criado com o prestigiado RED Beyond e Infonegocios Miami)
Ao final do século XIX, o sociólogo francês Gustave Le Bon, em The Crowd: A Study of the Popular Mind, argumentou que a sociedade ocidental apresentava duas grandes “massas artificiais”: a Igreja e o Exército. Ambas definidas por hierarquias, valores compartilhados, slogans e regras de funcionamento rígidas, além de cláusulas obrigatórias que regiam relações. Em ambos os casos, a lealdade era primordial e a vida familiar enfrentava restrições explícitas ou implícitas — celibato explícito na Igreja e uma versão virtual no Exército.
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Provavelmente ele se concentrou nessas duas formas porque corporações modernas ainda não existiam. Hoje, vemos grandes empresas desenhadas com traços emprestados de ambos os modelos: hierarquias, modelos de liderança, visão compartilhada — e restrições à vida pessoal e familiar, seja por demandas de disponibilidade extrema ou por viagens frequentes a negócios.
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Essas organizações, sem dúvida, criam um forte senso de pertencimento e contenção, um sistema de certezas que oferece segurança e identidade. As pessoas sabem quem são, quais são as regras, a quem respondem e onde aspiram chegar.
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Então, um dia, o sonho de liberdade — ou a ilusão de um novo destino — surge. Às vezes é desencadeado pela falta de reconhecimento, pela perda de significado no trabalho ou pelo desgaste do estresse. A urgência constante, comportamentos enlouquecedores, pressão implacável e a ausência de exercício criativo são outras causas.
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Alguns percebem que não apenas a qualidade do trabalho está em declínio, mas também a vida familiar e social — e a saúde física e mental. Assim, buscam um papel em outra empresa. Sem perder os benefícios de pertencimento, a ideia é encontrar uma cultura menos estressante, mais aberta, com mais espaço para crescer e melhorar a qualidade de vida.
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Para outros, surge a ideia de deixar a estrutura — às vezes acontece, outras vezes fica como promessa por cumprir quando “as condições estiverem certas”: quando os filhos terminarem a escola, quando eu tiver minha casa, quando chegar aos cinquenta…
Aspirações que podem se materializar — ou permanecer como fantasias para suportar a realidade ou escapá-la, enquanto se rumina a insatisfação.
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Não é fácil imaginar uma vida menos roteirizada na qual você precise revisar seus objetivos e interesses todos os dias e escrever suas próprias regras. Muitos estão acostumados com aquele mundo familiar — com suas rotinas, rituais, jargões, dress code, permissões, proibições e transgressões.
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Sob líderes carismáticos, sentem orgulho de pertencer a uma irmandade com um nome próprio. Acrescentam a marca ao sobrenome como se fosse um sobrenome de casamento: “Sou Juan X de Z”.
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Como não entender a dor — e a culpa — de separar-se? Fiéis e intrinsecamente unidos, eles lutam para abandonar aquela identidade profunda e aterrissar em ambientes mais incertos.
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Outros se tornam empreendedores. No ambiente de hoje, os incentivos são tentadores. Criatividade, autonomia e liberdade tornaram-se mais atraentes do que segurança e estabilidade. Muitos — depois de anos de sensação de proteção mas restrição por um papel, um lugar, uma responsabilidade — decidem tentar seu próprio empreendimento.
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Mas para o empreendedor, um novo mistério se abre — uma busca ansiosa por ideias, oportunidades, interlocutores, parceiros, investidores. E sempre a esperança daquele “projeto salvador” que os tornará bem-sucedidos em um lampejo de sorte e reconhecimento.
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Eles terão que lidar com vertigem: complexidade, incerteza e velocidade de mudança — sem a proteção de uma estrutura consolidada. Em troca, devem trazer paixão e autodisciplina para construir algo do zero e descobrir onde ancorá-lo e com quem compartilhá-lo.
Todos os dias lemos novas histórias de criativos disruptivos que nos estimulam a pular. Profissionais mais jovens priorizam qualidade de vida e um caminho pessoal menos linear e mais diverso. Mas, no sonho empreendedor, mais pessoas acordam expostas aos elementos do que aquelas que constroem mais do que uma casa de cartas.
Sair da zona de conforto não é um desafio sem riscos. Pode ser necessário preparar-se para que não seja um salto no vazio. Muitos fundadores dizem que, no primeiro ano, trabalham à noite e nos fins de semana, mantendo ambos mundos em paralelo até estarem prontos para largar tudo e ir com tudo.
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Ao mesmo tempo, modelos híbridos estão surgindo: sob o guarda-chuva de uma grande empresa, as pessoas trabalham por projeto — no estilo empreendedor. Nesta convergência, algumas organizações valorizam a flexibilidade, reconhecem habilidades não tradicionais e se ajustam ao que as pessoas precisam.
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E a tecnologia de comunicações permite que muitas tarefas sejam feitas longe de estruturas formais. Nesse caso, equipes se reúnem através de redes para construir comunidades de aprendizado e co-criação que conectam autonomia com a disposição de colaborar.
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Em todas as esferas da vida, os humanos lutam entre um desejo de liberdade e a necessidade de compromisso. É um equilíbrio delicado — sentir-se livre enquanto se preserva a estabilidade.
Talvez o trabalho em rede ofereça essa possibilidade: uma zona de bem-estar onde nos sentimos acompanhados sem perder nossa independência. Cada vez mais, isso pode acontecer tanto dentro de empresas ágeis e flexíveis quanto no sonho empreendedor.
Prof. Dra. Sonia Abadi
Sou médica, psicanalista e professora universitária. Sempre pesquisei criatividade, inovação e relações humanas. Dou aulas amplamente, no país e no exterior, e publiquei diversos artigos e vários livros em diferentes países. Desenvolvi o modelo Thinking-in-Networks, integrando psicologia, neurociência e a ciência de viver redes. Sou palestrante da Vistage e membro de várias comunidades de mulheres líderes. Falei no TED de Rosário e em conferências Tenaris. Assisto lideranças e estruturas de gestão em empresas e ONGs — sobre inovação, liderança, gestão de crises e a saúde mental de pessoas e equipes.
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Recebi o prêmio Senado argentino “Gobernador Cresto” como Líder para o Desenvolvimento da América Latina.
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Também atuo como diretora executiva do Espacio Aguaribay, de Arte, Ciência e Cultura.
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soniaabadi@gmail.com | @soniaabadienred | www.soniaabadi.com.ar
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Juncal 4631, 15º D, CABA. Buenos Aires, Argentina | (+54) 11 5016-7381
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