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Jørgen Watne Frydnes, presidente do Comitê Norueguês do Nobel, foi cristalino: “Quando autoritários chegam ao poder, é crucial reconhecer os bravos defensores da liberdade que se levantam e resistem.” Não se trata de retórica diplomática. É um memorando de ação para democracias sitiada no século XXI.
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O silêncio que ruge mais alto que balas e tiranias. Há momentos na história em que um prêmio não é mera distinção — é ato de justiça e resistência pacífica, simbólica.
O vídeo que captura o momento emocionado em que Corina Machado é informada de sua indicação ao Nobel da Paz:
O Nobel como instrumento geopolítico de paz: precedentes e consequências
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O Prêmio Nobel da Paz nunca foi politicamente neutro. Basta lembrar Liu Xiaobo (2010), o dissidente chinês preso; Aung San Suu Kyi (1991), em prisão domiciliar em Mianmar; ou Lech Wałęsa (1983), que enfrentou o regime comunista na Polônia. Em todos os casos, a honraria foi um desafio direto a sistemas autoritários — um escudo moral para figuras perseguidas.
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De toda a comunidade do Infonegocios Miami — latinos de todas as nações das Américas e da Espanha, anglo‑saxões, líderes empresariais, tecnólogos, empreendedores, agentes culturais e de artes, jornalistas, estrategistas e escritores — não estamos apenas felizes, orgulhosos e comovidos; estamos profundamente esperançosos.
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Há mais de quatro anos, empreendemos iniciativas jornalísticas, investigativas, de comunicação e colaboração para expor os horrores do regime chavista totalitário e antidemocrático — hoje liderado por Maduro — ao mesmo tempo em que espelhamos a absurda neutralidade de muitas instituições e chefes de Estado e evidenciamos a cumplicidade de governos como os de Petro, Lula, AMLO, agora Claudia Sheinbaum Pardo, CFK e Alberto Fernández.
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Também denunciamos a postura inaceitável de organizações como as Abuelas de Plaza de Mayo (Argentina), que deveriam estar na linha de frente apoiando a clara vitória da oposição na Venezuela e se manifestando contra a tortura, a privação e os crimes de um governo socialista extremo, estatista, despótico e tirânico que sequestrou a nação venezuelana há décadas.
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Do mesmo modo, demonstramos — com evidências, independentemente de preferências políticas — que administrações como a de Trump são hoje centrais, assim como a de Javier Milei, por contribuírem ativamente para a queda desses totalitarismos estatistas e antidemocráticos.
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Por fim, colaboramos com jornalistas como Nelson Castro e Carolina Amoroso, na Argentina, e Emmanuel Rincón, na Venezuela, além de organizações como o Vente Venezuela, essenciais para amplificar o que muitos veículos preferem silenciar.
Anatomia de um regime despótico: Maduro como estudo de caso
Para compreender a magnitude do reconhecimento a Machado, é preciso dissecar a arquitetura do poder chavista‑madurista. Desde a morte de Hugo Chávez, em 2013, Nicolás Maduro refinou o que o cientista político Steven Levitsky define como “autoritarismo competitivo”: regimes que preservam fachadas eleitorais enquanto capturam instituições, criminalizam a dissidência e manipulam resultados.
Os pilares do controle de Maduro:
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Captura institucional total: o CNE, a Suprema Corte e os militares operam como extensões do Executivo.
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Inelegibilidade seletiva: Machado foi arbitrariamente impedida de concorrer à eleição presidencial de 2024, forçando a oposição a lançar Edmundo González, um acadêmico sem histórico eleitoral.
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Repressão calibrada: mais de 20 mortos em protestos pós‑eleitorais, milhares de detenções arbitrárias e ordens de prisão contra líderes oposicionistas no exílio.
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Isolamento diplomático gerenciado: ruptura de laços com Argentina, Brasil (temporariamente), Chile e países europeus, mantendo, porém, alianças com Rússia, China, Irã e Cuba.
A socióloga venezuelana Margarita López Maya, em Protesta y Cultura en Venezuela, alerta que regimes assim não colapsam apenas por pressão externa, mas também por fraturas internas entre elites militares e econômicas. Machado compreende isso.
Por isso permanece na Venezuela, na clandestinidade — símbolo vivo de resistência interna.
O Nobel como arma geopolítica: precedentes e consequências
O que significa este Nobel para a Venezuela?
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Legitimação internacional da oposição: Machado e González passam a deter um capital simbólico que governo democrático algum pode ignorar. O prêmio converte qualquer repressão futura contra eles em escândalo global imediato.
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Pressão sobre os aliados de Maduro: China e Rússia — potências que preferem estabilidade geopolítica à instabilidade ética — serão forçadas a recalibrar. Pequim, em particular, historicamente ajusta seu apoio quando o custo reputacional supera o benefício econômico.
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Novo mapa migratório: O reconhecimento fortalece a narrativa de “exílio político legítimo”, facilitando processos de asilo e proteção internacional para venezuelanos. Isso tem implicações diretas para Miami, Orlando, Houston e outras cidades com diásporas expressivas.
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Doutrina de intervenção humanitária: A dedicação de Machado ao presidente Trump e seu apoio explícito à “pressão militar” dos EUA — incluindo deslocamentos navais próximos à Venezuela — reavivam debates sobre soberania, intervenção e o papel das potências hemisféricas em transições democráticas.
Miami: epicentro emocional, econômico e político da resistência
Miami não é apenas destino de migrantes. É um laboratório de democracia no exílio, onde diásporas latino‑americanas refundam identidades, constroem poder econômico e exercem influência política transnacional.
Dados‑chave sobre a diáspora venezuelana no Sul da Flórida:
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Mais de 200 mil venezuelanos residem entre Miami‑Dade, Broward e Palm Beach, segundo estimativas do Pew Research Center e do Migration Policy Institute.
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68% possuem graduação ou pós‑graduação — entre as maiores taxas de qualquer comunidade migrante nos EUA.
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Fundaram mais de 15 mil empresas em tecnologia, serviços financeiros, saúde, gastronomia e consultoria.
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Remessas da Flórida para a Venezuela superam US$ 800 milhões anuais, um lifeline para milhões de famílias.
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